Trecho do Expresso Tiradentes (Foto: Luiz Guadagnoli/SECOM)

O nosso conhecidíssimo “Fura-Fila” passará por uma reforma. Pois é isso que a São Paulo Transportes (SPTrans) pretende fazer de acordo com um aviso de licitação que a estatal municipal divulgou na semana retrasada.

Projetado em 1995 e com as obras iniciadas em 1999, o antigo Fura-Fila foi uma das bases do plano de governo do então candidato a prefeito Celso Pitta (PP). O corredor tinha como premissa a guiagem por canaletas e a operação com trólebus biarticulados. As obras se arrastaram por quase dez anos, sendo que em 2007 foi inaugurado, já na gestão de Gilberto Kassab (PSD). O Plamurb chegou a escrever um artigo bem detalhado com a história desse corredor, e caso queira ler, basta clicar aqui.

Atualmente, o corredor possui 9,7 km de extensão, por onde circulam as linhas 5105/10 Term. Mercado – Term. Sacomã; 5109/10 Term. Mercado – Term. Vila Prudente; 5110/10 Term. Mercado – Term. São Mateus; 5110/21 São Mateus – Term. Mercado e 5110/23 Jd. Planalto – Term. Mercado.

O trecho principal liga o Terminal Mercado ao Terminal Sacomã. Há um pequeno ramal que vai até o Terminal Vila Prudente. O corredor conta com os três terminais já citados e sete estações: Pedro II, Ana Neri, Alberto Lion, Clube Atlético Ypiranga, Nossa Senhora Aparecida, Rua do Grito e Dianópolis. A demanda ultrapassa os 90 mil passageiros por dia. O Expresso, pelas suas características, é um Bus Rapid Transit (BRT), o único da cidade. Seu grau de eficiência á altíssimo, visto que praticamente não há interferências com o fluxo comum. A avaliação por parte de seus passageiros é altíssima, com índice de 83,6% de aprovação na sua última pesquisa de satisfação, realizada em 2018.

E para que esse índice positivo persista, é preciso uma manutenção adequada, permitindo que a confiabilidade por parte dos passageiros continue.

Com o nome de “Contratação de serviços especializados de engenharia para desenvolvimento e elaboração de estudos, laudos e projeto executivo para recuperação das estruturas, contenções, fundações e do pavimento do corredor de ônibus Expresso Tiradentes do serviço de transporte coletivo público de passageiros na cidade de São Paulo”, a ideia da SPTrans é manter a qualidade do serviço, bem como a integridade de toda a infraestrutura.

No documento da licitação é dito que “face à complexidade dos serviços, que exigem elevado grau de conhecimento técnico e em função da necessidade de solução que o assunto requer, é imprescindível que os serviços sejam executados, devido a riscos futuros que eventualmente poderão ser submetidos os usuários do corredor. ”

A versão anterior, porém, continha dizeres mais preocupantes, ao afirmar que os usuários do corredor já estão sendo submetidos a constantes riscos e, por isso, a urgência na recuperação do equipamento.

De uma maneira geral, a degradação estrutural do local é evidente. E pela sua importância para a mobilidade, a situação não poderia chegar aonde chegou, muito embora não se trate de um desdém do poder público, puro e simples. Mas de todo modo, essa reforma poderá dar solução a todos as adversidades presentes, permitindo a continuidade da boa operação.

Trólebus e estações faltantes

Já que estão previstas obras para a recuperação do corredor, entramos em contato com a Assessoria de Imprensa da SPTrans para questionar se haveria a possiblidade de se aproveitar para a construção das três estações faltantes, bem como a operação por trólebus.

Sobre as paradas que não foram construídas, no caso, Luís Gama, Cipriano Barata e Ipiranga, o projeto foi revisto durante a sua execução e, no momento, não há previsão para a implantação, segundo a SPTrans. A operação por trólebus também está descartada.

Talvez com a chegada dos ônibus elétricos, parte da frota seja remanejada para lá, tentando, ao menos, se aproximar do projeto original.

Para o Plamurb, o Expresso Tiradentes é um modelo a ser seguido e deve ser replicado em outros pontos da cidade, não necessariamente com a estrutura do existente, mas com as características operacionais, que fazem dele um genuíno BRT. Investimento em mobilidade urbana nunca é dinheiro jogado fora, mesmo que o custo seja alto.

Todos os tipos de estruturas que beneficiam os coletivos podem e devem ser implantadas e se complementarem, mas no caso do BRT, até pelo alto nível operacional, ele deve ser avaliado em outros locais, podendo, inclusive, vir a partir da readequação dos atuais corredores convencionais.