congestionamento-e-quando-formos-um-milhao-de-habitantes1
Congestionamento em Ribeirão Preto (Foto: Matheus Urenha)

Segundo reportagem do G1, o pacote de obras de mobilidade urbana de Ribeirão Preto, que estava prometido desde 2013, parece que finalmente sairá do papel. O anúncio foi feito pelo prefeito da cidade, Duarte Nogueira (PSDB), ontem, dia 23 de setembro de 2017, durante a assinatura de um empréstimo de R$ 37,415 milhões junto ao Banco do Brasil, que será usado como contrapartida para o recebimento de repasses do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II). A previsão é de que as obras comecem em setembro de 2018 e que a primeira etapa dos projetos seja entregue em 2020, ano eleitoral, diga-se de passagem.

Ao todo, serão investidos cerca de R$ 310 milhões em obras de infraestrutura nas principais vias da cidade. O prefeito explicou que a elaboração dos projetos executivos e os processos de licitação da primeira etapa devem durar cerca de dez meses. Sendo assim, a previsão é que os moradores só comecem a ver os primeiros canteiros de obras em setembro do próximo ano.

O pacote de mobilidade inclui 56 quilômetros de corredores de ônibus, 25 quilômetros de ciclovias, 3 pontes, 3 viadutos, implantação de abrigos de ônibus padronizados a cada 500 metros, semáforos inteligentes que priorizam o transporte público e itens de acessibilidade em todas as esquinas.

Nogueira ainda afirmou que a cidade se prepara para oferecer infraestrutura e mobilidade urbana com menos riscos de acidentes, com mais respeito às pessoas, com menor tempo de descolamento para as pessoas ficarem o menor tempo possível no transporte.

“…todos os trechos contemplados por corredores de ônibus serão recapeados. Isso significa melhorias no asfalto das principais avenidas de Ribeirão, como Presidente Vargas, Independência, Meira Junior, Thomaz Alberto Wathely, entre outras. Nas paradas haverá pavimento rígido para maior durabilidade nas freadas, porque geralmente são locais onde pinga óleo, tem uma degradação maior do pavimento asfáltico. Vamos fazer para evitar desnível, buraco”.

CRONOGRAMA

1ª etapa de obras (de setembro de 2018 a fevereiro de 2020)

  • Ponte na Avenida Francisco Junqueira, interligando as ruas José Bonifácio e Paraíba;
  • Ponte na Avenida Francisco Junqueira, interligando as ruas Visconde de Inhaúma e Tamandaré;
  • Ponte na Avenida Francisco Junqueira com a Rua Barão do Amazonas;
  • Viaduto na Avenida Brasil com a Avenida Thomaz Alberto Wathely;
  • Viaduto interligando as avenidas Maria de Jesus Condeixa e Antônio Diederichsen (por cima da Avenida Francisco Junqueira);
  • Passarela para pedestres interligando os dois terminais urbanos;
  • Corredores de ônibus na Avenida da Saudade e Rua São Paulo;
  • Corredor de ônibus na Avenida Dom Pedro I.

2ª etapa de obras (de dezembro de 2018 a maio de 2020)

  • Corredor de ônibus na Avenida Presidente Vargas;
  • Corredor de ônibus Norte – Sul (trecho entre as avenidas Mogiana, Paschoal Innechi, Meira Júnior e Independência);
  • Viaduto na Avenida Brasil com a Avenida Mogiana;
  • Trincheira interligando as avenidas Independência e Presidente Vargas (passando por debaixo da Avenida 9 de Julho);
  • Adequação viária entre as avenidas Presidente Vargas e Antônio Diederichsen;
  • Adequação viária entre as avenidas 9 de Julho, Portugal e Antônio Diederichsen.

3ª etapa de obras (de março 2019 a agosto de 2020)

  • Corredor de ônibus Norte – Sul (trecho nas avenidas Recife e Thomaz Alberto Wathely, e trecho nas avenidas Lygia Latuf Salomão e Braz Olaia Acosta);
  • Corredores de ônibus no quadrilátero central, entre as ruas Florêncio de Abreu, Lafaiete, Visconde de Inhaúma e Barão do Amazonas;
  • Corredor de ônibus na Avenida do Café;
  • Corredor de ônibus na Avenida Costábile Romano;
  • Corredor de ônibus na Avenida Castelo Branco.

A cidade de Ribeirão Preto está a mais de 300 km de distância de São Paulo. Possui uma população estimada, em 2017, de 682.302 pessoas em uma área de 650,916 km². Seu esgoto tratado está por volta de 98,4% e suas vias públicas possuem 92,5 de arborização. Tais dados foram extraídos da página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo estudo do Plano de Mobilidade Urbana, realizado em 2012, apenas 22% da população usavam transporte coletivo para se locomover. 52,6% usavam carro ou moto e 25,1%, a pé ou bicicleta. Analisando os números acima, está mais do que claro e urgente a necessidade da implantação dessas obras de mobilidade, que, talvez, consiga atrair pessoas para o transporte coletivo e dando prioridade a ele. Muitos especialistas já alertaram que a cidade pode travar por conta da falta de mobilidade.

Vale ressaltar que no passado, a cidade de Ribeirão Preto possuiu um sistema trólebus operado pela atual Empresa de Transporte Urbano de Ribeirão Preto S/A (Transerp). O sistema foi implantado em 1982, durante o período de incentivos a esse tipo de transporte por parte do Governo Federal. Chegou a ter 22 veículos operando em sete linhas. Infelizmente, em 1999, os trólebus foram desativados e as linhas passaram a operar com veículos movidos a diesel. Os dois terminais onde as linhas paravam também foram desativados.

Assim como nas outras cidades onde o sistema foi reduzido ou extinto, a alegação era de que os trólebus se tornaram ultrapassados, o custo para se manter era alto e o sistema como um todo era engessado, ou seja, caso fosse necessário algum desvio em suas rotas, os trólebus ficariam parados por conta de só andarem conectados na rede aérea. Ainda foi relatado sobre os custos de se mudar a rede aérea caso o itinerário da linha fosse alterado. Na verdade, todos esses motivos são fáceis de resolver, bastando boa vontade política, algo raro de se ver por aqui quando se trata, por exemplo, nesta questão de manter os trólebus em circulação.

Segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo em 2014, a desativação do sistema trólebus de Ribeirão Preto deixou uma lacuna no transporte coletivo da cidade, já que substituir tais veículos por ônibus comuns movidos a diesel e não investir na mobilidade urbana, nem de longe representam um progresso ou avanço na área de transporte.

Com o início dessas obras de mobilidade urbana, seria o momento perfeito de se discutir a viabilidade de se reimplantar os trólebus na cidade, principalmente para operarem nos 56 km de corredores previstos, local perfeito para a circulação desse tipo de veículo.

Abaixo, segue a imagem de um trólebus que rodava em Ribeirão Preto.

Trólebus Ribeirão Preto
Trólebus operando em Ribeirão Preto (Foto: Allen Morrison)