O governador de Nova York, Andrew Cuomo, tentou tranquilizar os céticos sobre sua surpresa, um plano de última hora para consertar um importante túnel do metrô entre Manhattan e o Brooklyn, sem uma paralisação de longo prazo que já vinha sendo planejada há muito tempo.
Ele falou aos repórteres sobre sua proposta na sexta-feira, dia 4 de janeiro de 2019, um dia depois de anunciar que o desligamento de parte da Linha L não seria necessário. Ele pediu que o conselho da Metropolitan Transportation Authority (MTA) revise e opte rapidamente por esta alternativa, o que permitiria que os trens funcionassem durante os reparos, usando uma nova técnica de projeto de túneis.
Funcionários planejavam fechar uma parte da Linha L para permitir que as equipes reparassem os danos causados pelos túneis causados pelo Furação Sandy em 2012. A linha é uma das mais movimentadas da cidade, percorrendo bairros como Williamsburg e Bushwick, no Brooklyn, e transportando quase 250 mil pessoas pelo túnel todos os dias.
Os moradores do Brooklyn já haviam começado a reorganizar suas vidas para o esperado “L-pocalypse”, com algumas mudanças de emprego ou apartamentos para evitar o barulho, a falta de sossego e todos as externalidades que estariam por vir.
Cuomo, um democrata, disse que pediu para uma equipe de engenheiros das universidades de Columbia e Cornell para dar uma segunda olhada no projeto depois que ele foi rebatido por um empresário do Brooklyn irritado com a revolta que a paralisação poderia causar. Ele disse que entende os motivos dos passageiros do metrô questionarem a súbita mudança nos planos, e é por isso que é importante para o MTA dar uma revisão completa à sua ideia.
“Os nova-iorquinos, Deus os abençoe, podem ser um pouco céticos e eu posso ver por que eles seriam céticos nesta situação”, disse ele. “Este é agora um plano muito diferente”.
O antigo plano exigia que as equipes removessem as paredes do túnel de concreto para acessar e substituir os cabos elétricos danificados antes de reconstruir as paredes, um processo que exige muito trabalho e tempo.
Sob a nova abordagem de Cuomo, as paredes de concreto permaneceriam no lugar e novos cabos seriam instalados dentro do túnel, permitindo que os trens operassem enquanto o trabalho estivesse sendo concluído.
Enquanto autoridades locais e muitos passageiros expressaram alívio com o novo plano de Cuomo, alguns também questionaram o porquê de a nova proposta não ter sido considerada anteriormente.
“Se o plano do governador é uma solução eficaz, a MTA deveria adotá-lo há muito tempo”, disse o vereador Jumaane Williams. Williams, do Brooklyn, disse que achou estranho a declaração de Cuomo ter surgido após muitos anos de reuniões públicas e debate sobre a paralisação.
O prefeito Bill de Blasio, em entrevista na sexta-feira para a rádio WNYC, elogiou Cuomo por buscar uma “abordagem inovadora”, mas chamou de “um pouco estranho” que o novo plano tenha surgido poucos meses antes do início da paralisação.
“Obviamente, a MTA tem algumas explicações reais para fazer”, disse ele. “Por que diabos não foi considerado anteriormente?”
A MTA, que opera na cidade e em seus subúrbios, mas é controlada pelo governo, ainda não agendou uma votação sobre o plano de conserto de Cuomo.
Na quinta-feira, o presidente da MTA em exercício, Fernando Ferrer, chamou o novo plano de “uma abordagem inovadora e mais eficiente” e disse que a agência o adotaria integralmente.
Embora não seja uma situação semelhante, é possível fazer uma analogia considerando as obras de modernização da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). É um incômodo danado? Sem dúvidas. Por isso que muitas vezes a empresa prefere aumentar os intervalos ao invés de paralisar completamente a operação, já que muitos usuários seriam prejudicados.
Neste caso, a diferença maior são os motivos que levaram a essas obras. Em Nova York, foi em decorrência de um fator climático, impossível de ser controlado e que causou muitos danos. Aqui em São Paulo, por outro lado, foi causado pelo desdém e negligência de nossos governantes que durante décadas deixaram de investir e sucatearam as nossas ferrovias.
O texto desta publicação foi divulgado pelo jornal ABC News e traduzido pela Plamurb com algumas adições. Confira o texto original aqui.