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Buraco na Avenida Celso Garcia (Foto: Marcelo da Cruz)

A Avenida Celso Garcia é uma importante via de São Paulo que liga o bairro do Brás ao bairro da Penha, na zona leste, passando pelo Belém e Tatuapé. Por ela passam inúmeras linhas de ônibus, ligando bairros mais afastados à região central.

A avenida possui cerca de 6 km de extensão, entre a Avenida Rangel Pestana e a Rua Coronel Rodovalho, logo após o Viaduto Alberto Badra e pontilhão da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A via é dos principais eixos de deslocamento de linhas de ônibus em direção à zona leste.

Sempre na pauta de discussões em relação a uma revitalização, a avenida passou por uma mudança recentemente, mais precisamente no ano de 2018. Até então, a via possuía, em quase toda a sua extensão, 4 faixas de rolamento, sendo que uma delas era exclusiva para ônibus apenas no sentido centro. No sentido bairro, ficavam três faixas, duas para veículos comuns e uma para ônibus. Ou seja, no sentido centro, os ônibus trafegavam no contra fluxo de forma exclusiva.

A partir de julho daquele ano, a avenida passou a ter duas faixas em cada sentido, ou seja, mantendo as duas faixas exclusivas para ônibus, e também uma faixa para carros e motos em ambos os sentidos. Na prática, os veículos comuns passaram a poder se utilizar da via para chegarem ao centro da cidade. Com a alteração, a avenida ficou com mão dupla em toda a sua extensão. Escrevemos um artigo sobre.

Quando dessa alteração, o prefeito Bruno Covas (PSDB), além de vereadores e do próprio secretário do Transporte, prometeu que a alteração visava a segurança e que outras medidas seriam implantadas para dar início a uma revitalização na avenida, promessa antiga e que ficou no papel durante várias gestões.

Pois bem, passados quase 2 anos, a revitalização ainda está na promessa e, pior, a Avenida Celso Garcia segue abandonada. Tem-se a impressão de que as ações para a melhoria da via ficaram apenas na mudança viária, isso se considerarmos que tal ação foi positiva, o que discordamos completamente.

Além da sujeira, a avenida segue esburacada e isso acaba por comprometer a segurança na operação dos veículos, sobretudo dos ônibus que, muito provavelmente, perderam a pouca eficiência que tinham após a implantação de mão dupla.

Para se ter uma ideia, no dia 13 de fevereiro de 2020, fomos conhecer o monotrilho da Linha 15-Prata. Também escrevemos um texto com nossas considerações. Quando chegamos em São Mateus, ponto máximo da linha, decidimos voltar para o centro se utilizando da linha de trólebus 2290/10 – Terminal São Mateus / Terminal Parque Dom Pedro II.

A linha trafega pelas avenidas Mateo Bei, Rio das Pedras, Conselheiro Carrão e Celso Garcia. Nas três primeiras, o trólebus desenvolveu boa velocidade e a viagem foi até que confortável. Mas quando ele acessou a Avenida Celso Garcia, tivemos a clara noção da péssima situação da via.

Era tanto buraco na via, principalmente na faixa da direita e próxima da sarjeta, que o trólebus não passava dos 30 km/h, na tentativa de evitar o maior desconforto possível, além de garantir que não houvesse o escape da alavanca que fica conectada na rede aérea. Quando podia, o veículo saia da faixa exclusiva para evitar os buracos, porém, neste caso, tinha que dividir espaço com os carros e a viagem também era comprometida. E foi assim até o Largo da Concórdia, onde, pouco antes, a via vira Avenida Rangel Pestana.

Descemos no segundo ponto da Avenida Senador Queiroz, logo após a cruzamento com a Avenida Prestes Maia, na região da Luz. Sabe o tempo que levamos? Exatamente 01h36. Isso mesmo. E segundo a página da SPTrans, o tempo médio da linha em um dia útil é por volta de 2h. E de onde descemos até o ponto final da linha, ainda tinha um caminho a seguir, considerando aquela volta demorada pela Praça da República.

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Cruzamento da Rua Teixeira de Melo x Andres Lamas (Foto: Divani Faber)

É lamentável porque concentraram tantas forças na mudança da mão de direção e esqueceram de todo o resto. Usaram da falácia que tal alteração seria uma medida de segurança, mas vale ressaltar que uma via malcuidada, com muitos buracos e sujeira, acaba sendo insegura da mesma forma.

Buracos, além de danificarem os veículos, podem causar acidentes de trânsito e serem um chamariz para assaltos, dada a velocidade menor dos veículos e a constante necessidade de desviar das crateras. Há ainda a questão da falta de acessibilidade para entrar e sair dos coletivos, pelo fato de parar afastado do ponto de ônibus, dificultando o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Se pensavam mesmo em segurança, fizeram menos da metade do necessário.

Para se ter uma ideia dos problemas, foi criada uma página no Facebook chamada de “Reage Celso Garcia”, onde moradores e comerciantes da região mostram, diariamente, a situação caótica da avenida. São vídeos, fotos e depoimentos relatando o dia a dia de quem mora ou passa por ela.

Aliás, os problemas não se limitam à Celso Garcia. Vão mais além, pois com a implantação de mão dupla, algumas conversões passaram a ser proibidas e ruas transversais tiveram o sentido alterado. Por esse motivo, vias antes residenciais e tranquilas, passaram a ser rotas de muitos veículos, dos mais leves aos mais pesados, o que tirou o sossego dos moradores e contribuiu com o desgaste rápido do asfalto dessas vias, que antes tinham um movimento menor.

Prefeito, secretário, subprefeito e vereadores responsáveis por isso deveriam ter vergonha. Sim, vergonha por mentirem descaradamente e por deixarem a via na situação na qual está. Vergonha por criarem tantos problemas. Vergonha por fazerem as coisas pela metade. A Celso Garcia é uma importante ligação e deveria, ao menos, estar em um estado de conservação melhor.